sexta-feira, 27 de abril de 2012

Uma só Bandeira, Uma só Voz!

 Muitos são os movimentos, ativistas e militantes da cultura, e mais especificamente do teatro, que se organizam, pensam ações de impacto, palavras de ordem, elaboram, debatem e tentam realizar projetos de transformação de nossa dolorosa realidade. Para além do debate acerca da viabilidade de transformações sociais profundas em tempos recordes, como seria nosso desejo - mas que a História tem ensinado que não é assim que suas dinâmicas se realizam - creio que é preciso unificar movimentos e suas demandas de origem, buscando bandeiras comuns capazes de concentrar forças e energias.  No atual panorama, parece-me que os artistas/trabalhadores de teatro parecem cada vez mais dispostos, organizados e preparados para a ação, todavia, parece-me também que falta-nos ainda tal unificação. Neste sentido, proponho que unifiquemos forças e ações em torno de uma bandeira primordial para o desenvolvimento teatral em todo o país: o Prêmio Teatro Brasileiro.

Embora haja um certo número divergências sobre como o PTB se estrutura, por quais corredores lícitos ou ilícitos de Brasília se movimenta, ou qual a redação final real ou ideal ele terá, é preciso que as pessoas que formam os diferentes movimentos encontrem-se em torno da mesma mesa, façam uma análise de conjuntura coerente, tracem estratégias e ações táticas pertinentes e possíveis para que possamos tornar o PTB uma realidade.

Embora na superfície haja diferenças ideológicas significativas nos posicionamentos de cada movimento, não há objetivos divergentes entre eles a ponto de inviabilizar uma luta conjunta. Seria estranho e perigoso se houvesse mais semelhanças entre movimentos teatrais e os deputados que emperram o desenrolar do PTB do que entre os militantes do Teatro Brasileiro. Para qualquer artista de teatro engajado os lados parecem estar bem definidos e o chão devidamente riscado: de um lado os que querem um instrumento para o desenvolvimento do Teatro Brasileiro e do outro os que não o querem. Simples assim.

sábado, 7 de abril de 2012

Quantas vozes

 por Luiz C. Checchia

para os amigos do Manjericão, de Porto Alegre

É tão interessante quanto assustador a forma como a criação e a execução artística atraí diversas vozes que querem falar por elas. São, em sua maioria, críticos, acadêmicos e comunicadores que transpõem sem pudores a linha que separa a reflexão sobre a obra e a interferência sobre ela. Dessa forma, tais vozes tornam-se "co-criadores", "juízes" e mesmo "carrascos" das obras.

Oras, é claro que a todos é dado o direito à reflexão, à crítica, ao posicionamento favorável ou desfavorável a respeito de uma obra de arte; não é saudável pensamos que temos que aceitar toda e qualquer criação artística simplesmente porque ela existe. Todavia, é fundamental e necessário que o crítico/acadêmico/comunicador se coloque na justa posição de mediador entre a obra e o público, debatendo questões técnicas, estéticas e mesmo éticas que a envolvem, sem, todavia, tomar o texto da mão do diretor e dizer ao elenco como é que as coisas devem ser feitas a partir de agora. Por outro lado, é cada vez mais premente que artistas e técnicos saiam da condição de "tarefeiros inspirados pelas musas" e dominem cada vez mais os intrumentos de análise e de crítica sobre a arte em geral e a sua produção em particular.

Se todas as vozes são necessárias para compor a multifacetada sociedade democrática e participativa que almenjamos todos, é mais que necessário evitarmos a cilada do chamado "discurso competente" - cuja voz troante e assertiva tende a ocupar todo o ambiente de debate - e passarmos a ouvir o que todos têm a dizer. Sobretudo, ouvirmos o que artistas competentes e experiêntes têm a dizer sobre sua obra e por meio dela.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A Força de um Coletivo

por Luiz C. Checchia





A Rede Brasileira de Teatro de Rua realizou seu décimo encontro na cidade paulista de Santos, entre os dias 26 e 30 de janeiro passado. Articuladores de onze estados brasileiros estiveram presentes debatendo suas realidades locais e demandas nacionais. Depois de tantas horas de debates intensos fica-nos uma certeza: é cada vez mais premente a necessidade de lutarmos pela causa da Arte Pública. Todo e qualquer produtor que desejar fazer de sua arte uma mercadoria tem o direito de fazê-lo; mas é fundamental que todo e qualquer artista que perceba sua arte como expressão de uma cultura possa oferecê-la gratuitamente aos povos em condições dignas de trabalho e existência.

Por isso, por crermos na arte como expressão dos povos, das culturas, da condição humana e suas contradições históricas e sociais é que a Rede Brasileira de Teatro de Rua reafirma sua luta pela arte pública e pelo direito ao trabalho digno de todos os artista. Mas é preciso que esse importante coletivo ao qual a Cia Teatro dos Ventos faz parte se fortaleça cada vez mais, agregando mais e mais articuladores por todo o país. 

Se esperamos por um Brasil sem miséria, que dele seja erradicada não somente a miséria econômica, mas também a simbólica. Que a nossa maior riqueza - a nosso cultura - seja valorizada e dignifique tanto o público quanto os artistas.


foto: Espetáculo A Farsa do Advogado Pathelin, com o  Grupo Rosa dos Ventos, direção Roberto Rosa.
Clic de Antônio Sobreira