por Luiz C. Checchia
para os amigos do Manjericão, de Porto Alegre
É tão interessante quanto assustador a forma como a criação e a execução artística atraí diversas vozes que querem falar por elas. São, em sua maioria, críticos, acadêmicos e comunicadores que transpõem sem pudores a linha que separa a reflexão sobre a obra e a interferência sobre ela. Dessa forma, tais vozes tornam-se "co-criadores", "juízes" e mesmo "carrascos" das obras.
Oras, é claro que a todos é dado o direito à reflexão, à crítica, ao posicionamento favorável ou desfavorável a respeito de uma obra de arte; não é saudável pensamos que temos que aceitar toda e qualquer criação artística simplesmente porque ela existe. Todavia, é fundamental e necessário que o crítico/acadêmico/comunicador se coloque na justa posição de mediador entre a obra e o público, debatendo questões técnicas, estéticas e mesmo éticas que a envolvem, sem, todavia, tomar o texto da mão do diretor e dizer ao elenco como é que as coisas devem ser feitas a partir de agora. Por outro lado, é cada vez mais premente que artistas e técnicos saiam da condição de "tarefeiros inspirados pelas musas" e dominem cada vez mais os intrumentos de análise e de crítica sobre a arte em geral e a sua produção em particular.
Se todas as vozes são necessárias para compor a multifacetada sociedade democrática e participativa que almenjamos todos, é mais que necessário evitarmos a cilada do chamado "discurso competente" - cuja voz troante e assertiva tende a ocupar todo o ambiente de debate - e passarmos a ouvir o que todos têm a dizer. Sobretudo, ouvirmos o que artistas competentes e experiêntes têm a dizer sobre sua obra e por meio dela.
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